terça-feira, 31 de julho de 2012

O verdadeiro papel de um vereador

Distribuir vantagens, prometer cargos políticos, e até resolver este e aquele problema de ordem econômica para o seu futuro eleitor, não é e nem nunca foi papel de um vereador. Mas muitos candidatos esquecem isso, e preferem usar em benefício próprio o caminho mais fácil, o acúmulo de promessas e vantagens para conseguirem ou até ficarem no cargo que almejam. E isso não acontece somente nesse âmbito, mas também em outros cargos parlamentares, onde pedir favores, remédios e até apoio em dinheiro virou moeda de troca pelo voto. Dos 68.544 vereadores que serão eleitos no dia 7 de outubro por cerca de 140 milhões de eleitores, já tem a sua função deferida, que é fiscalizar as prefeituras municipais, além de criar leis restritas às cidades. Cabe também a eles, verificar, por exemplo, como o dinheiro público é aplicado e criar ou alterar o plano diretor de ocupação urbana de sua cidade. Mas essa função está desvirtuada pela maioria da população, pela falta de cultura política do eleitorado, que não acompanha o trabalho dos vereadores empossados. Também pelos próprios vereadores que muitas vezes não cumprem seu papel, não fiscalizam. Em pesquisa feita pela Gazeta do Povo, divulgada em Abril, 42% dos eleitores de Curitiba não sabem o que faz um vereador. A pesquisa feita pelo Instituto Paraná Pesquisas também alertou que a maioria do eleitorado crê que o vereador tem que cumprir atividades que não são as principais. 59% da população curitibana acredita que o vereador deve levar investimentos para o bairro que representa, e outro dado alarmante, 50% acredita que o vereador deve ter como função práticas assistencialistas como doação de cadeira de rodas e remédios. Com toda essa percepção, fica difícil acreditar na função principal do vereador, transforma-se em uma realidade muito distante, um trabalho justo e sério feito pela maioria. Fica até inadmissível assinalar que a maior parte da população acredita que a função de um vereador “não resolve a vida deles”, e outros 55% se quer sabem dizer o nome de um parlamentar que atua na Câmara Municipal. O que esperar da fiscalização dessa mesma população? O que esperar dessa política de assistencialismo que pendura há anos? O que esperar desse jogo político desleal e dessa falta de cultura por parte de seus cidadãos? Muitas vezes criticamos, mas não temos conhecimento algum sobre política, o que muitas vezes beneficia os próprios políticos que usam essa arma para iludir e continuar no poder. Vale a dica: Ou procuramos nos informar, os seremos reféns de uma política que não tem a pretensão nenhuma de mudar sozinha.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

A Batalha na Concorrência do Mundo do Futebol

A história de atletas que buscam a profissionalização “A vida de jogador de futebol não é tão simples como parece. Regada de mulher, fama e dinheiro como muitos pensam que é. Muitos não vêem o quanto lutamos, e o que passamos para poder um dia ser recompensados”. Essa frase do atleta Eduardo Vuick, de 17 anos, natural de Realeza, exemplifica o pensamento distorcido sobre os jogadores de futebol. A mídia a todo o momento ajuda a sustentar a falsa idéia de que jogador de futebol representa contratos milionários, estrelismo e status, na verdade, isso só maquia outro lado, o lado em que milhares de meninos deixam a sua família em diversas regiões do país em busca de viver sob os holofotes do mundo da bola, mas a realidade não é essa, ela é baseada em muita luta e fé, de quem escolheu o futebol como profissão. Conversei com muitos desses garotos, e constatei que a vida longe da família, a pressão constante no mundo da bola, o desconforto de morarem dentro dos Centros de Treinamentos (CT´s) , e a alta competição nas categorias de base tornam esses aprendizes do mundo da bola, em verdadeiros exemplos de persistência e determinação. Eduardo Vuick, citado no início da matéria, começou em 2009, quando decidiu largar o futebol de salão para se dedicar totalmente a esse sonho. No ano seguinte, foi aprovado em um clube da cidade de Cascavel. Em 2011, largou tudo e foi jogar no Duque de Caxias no Rio de Janeiro, e sofreu a primeira decepção constatando que lá não teria muitas oportunidades, voltou para casa, mas acabou dando uma nova chance para seu sonho, neste ano se mudou para Itajaí, em Santa Catarina, onde hoje joga no Clube Naútico Marcílio Dias. “Posso dizer que nessa caminhada passei por muitas dificuldades, vivi mais tristezas do que alegrias, mas só estou hoje aqui, por causa dos meus amigos, e principalmente da minha família que sempre me apoiou e me deu força”, relata Eduardo. O colega de time e amigo, Rafael Lucas Rigo, de 17 anos, também de Realeza, passou por alguns times em comum, e tem a história de dificuldades muito parecida. Seu início na carreira foi através do futsal, onde logo se interessou pelo futebol de campo, sendo aprovado pelo Coritiba Futebol Clube, na capital paranaense. “Lá dentro, tive muitas experiências, algumas boas e outras ruins, quando sai de lá , decidi parar a minha carreira e estudar”. Mas a vida longe dos gramados só fez com que Rafael tivesse saudade do futebol, foi então que tomou a decisão de largar a faculdade já iniciada, e chegar ao Rio de Janeiro para também tentar carreira no Duque de Caxias. “Contei com o apoio dos meus pais e dos meus amigos que não me deixaram desistir”. Hoje Rafael também é colega de Eduardo no Clube Naútico Marcílio Dias, e tem certeza que se dedicando a se esforçando irá superar qualquer barreira. O zagueiro predestinado Com o atleta Alisson Brand, de 18 anos, natural de Francisco Beltrão, tudo aconteceu de repente, Alisson sempre havia sido apaixonado pelo futebol. Atuou no futebol de salão ainda em Francisco Beltrão, se mudou com a família para Realeza, e continuou jogando futebol nos campeonatos da região, quando em 2008, em um desses jogos, um olheiro do Paraná Clube o chamou para fazer alguns testes, onde posteriormente foi aprovado em um peneirão com outros 30 atletas, ficando alojado por duas semanas no Colégio Militar do Paraná. Alisson passou por inúmeras dificuldades, com 14 anos já morava em um alojamento do Paraná Clube em um bairro de periferia de Curitiba. “Tínhamos que trancar todos os nossos pertences em armários, pois éramos roubados, nosso ônibus era apedrejado quando chegávamos ao CT vindo da escola, muitas vezes não saíamos com medo que alguém nos machucasse”. Mas todo o esforço foi recompensado, Alisson logo ganhou notoriedade, sendo eleito o melhor zagueiro do paranaense juvenil em 2009, indicado por jornalistas esportivos, e também pré-selecionado para a seleção brasileira juvenil no mesmo ano. Os frutos não pararam por aí, Alisson foi chamado por um agente da Fifa, que hoje é seu empresário, para ser integrante da categoria de base do Internacional de Porto Alegre. “Muitos pensam que nossa vida no futebol é fácil, mas na verdade temos que matar um leão por dia, tive que lutar por tudo que conquistei, sempre senti muitas saudades da minha família”. A saudade é tanta que o atleta liga em casa só para ouvir a voz dos pais, para assim conquistar mais coragem e confiança. Alisson também perdeu muitos colegas no futebol, ele conta que fazia amizades, mas logo cada um tomava seu rumo, sendo muitos dispensados. “Muitos desistem por falta de oportunidades, não agüentam a pressão, e a saudade de casa”, revela. Depois de quase dois anos no colorado, com vários títulos, entre eles a Copa Santiago, e Capeonato da Federação Gaúcha Sub 17, Alisson que sempre foi torcedor do Inter, passou a integrar o time de base do Grêmio Futebol Porto Alegrense. Coisas que só o futebol pode proporcionar. Primos e o futebol Aislan Lotici foi o atleta realezense que mais ganhou notoriedade até agora. Com 24 anos, hoje joga em um time suíço, mas seu inicio no mundo da bola contou com muita perseverança. Logo aos 12 anos, quando foi aprovado em um peneirão em Santa Izabel do Oeste, foi morar no Centro de Treinamento Oscar Bernardi em Águas de Lindóia no estado de São Paulo, conseqüentemente foi integrado a categoria de base do clube paulista São Paulo, onde se profissionalizou. Lá disputou inúmeros campeonatos, como a Taça São Paulo. “Sempre foi o capitão, sempre foi antecipado nas categorias de base por causa da força física”, contou a reportagem o tio, Alencar Lotici. Zagueiro, Aislan chegou a jogar no São Paulo como profissional durante o campeonato paulista de 2008, ganhando notoriedade e ajudando o São Paulo a ganhar o título do Campeão Brasileiro no mesmo ano de sua estréia. Mas aos 22 anos, foi jogar no Guarani de Campinas, no interior de São Paulo, para pegar mais experiência em um time brasileiro, depois de receber propostas de times estrangeiros como Arsenal, Milan e Liverpool. Em 2012 foi transferido para o FC Sion, da Suiça. O tio Alencar Lotici ainda contou que Aislan sentia muita saudade da família. “Ele era muito garoto quando saiu daqui, tinha vezes que até nós sentíamos vontade de tirar ele de lá, não era fácil para ele”. Aislan contou com o apoio da mãe, Margarete Lotici, que deixou o emprego de enfermeira para morar junto do filho. “O apoio da família é muito importante, eles são muitos novos para enfrentar tanta pressão nesse mundo”, constata Alencar. Todo o apoio de sua família continuou dando apenas resultados positivos, seu primo Christian Pavlak , 21 anos, também se interessou pelo mundo da bola, começando com 13 anos, hoje também leva o futebol como uma profissão. Depois de um tempo jogando no Santa Ritense de Minas Gerais, e uma lesão que o tirou dos gramados por um tempo, Christian considera o futebol na sua vida muito importante."O futebol pra mim é tudo, é a minha vida, sempre dou o melhor de mim em campo, quero muito jogar em um time grande para ajudar a minha família”. Hoje ele ganhou uma oportunidade de também jogar na Suiça. A avó dos atletas, Maria Fruet Lotici, conta que sua família sempre foi muito ligada no futebol, seus filhos sempre jogaram e apoiaram campeonatos no interior. “Como avó sempre torço e rezo muito pelos meus netos, que eles conquistem tudo o que desejam”.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

O Brasil das Leis e do pouco resultado


Em entrevista logo após alguns meses de mandato, o tão contestado deputado Tiririca mostrou pouca animação com a sua atuação no Congresso. “Os parlamentares muitas vezes varam as madrugadas em discussões intermináveis em que ninguém escuta ninguém. Um deputado fala e ninguém presta atenção nele. Outro dia mesmo tinha um fazendo discurso sobre a educação. Outro pediu a palavra. É coisa de louco.” Tiririca também reclamou do trabalho de parlamentar, que segundo ele, não tem muito resultado.

Já tive a oportunidade de escrever sobre os absurdos que alguns parlamentares cometem em fazer discursos inúteis e fora do contexto em algumas Casas Legislativas, gastando um tempo que deveria ser usado para tratar de leis em benefício da nossa população. São tão absurdas, que temos que ouvir monólogos sobre aranhas venenosas e até propaganda de seus próprios meios de comunicação- o que é proibido no Brasil, políticos terem qualquer vínculo com meios de comunicação.

Já paramos para pensar quantas leis existem no Brasil, e quantas dessas são irrelevantes? Já paramos para pensar, o motivo de tanta lei, e onde vamos parar com tudo isso? Só no Brasil existem mais de 181 mil leis em vigor (pela minha pesquisa, a que mais possui leis no mundo), destas muitas são aprovadas em câmaras de vereadores de municípios pequenos, e que não trazem nenhum benefício, e só enchem a lista de leis que jamais serão usadas, de tão irreais, absurdas, e de nenhuma importância.

Alguns dos exemplos a seguir mostram do que estou falando, pois nesse país das leis e do pouco resultado, existe político criando pista de pouso para seres espaciais (ETs), dia do Acarajé, ocupando seu tempo em proibir que São Pedro mande chuva, e mudando nomes de ruas, ao invés de projetos de maior relevância. E eu pergunto: se já não cumprimos as leis que existem nesse país, se os políticos não respeitam a própria constituição, para que tanta lei? Quantas leis são aprovadas por dia? Em números reais, quantas leis vamos deixar aos nossos netos e filhos? Do que eles se beneficiarão com isso? Sem falar no dinheiro público que é gasto com essas discussões inúteis, e da burocracia enorme e interminável para as aprovações de projetos. Até onde vai a criatividade e a necessidade de ainda ter mais leis? Somente na área tributária, possuímos 809 leis, decretos, portarias e resoluções em vigor.

Abro os jornais e vejo que o Brasil ainda precisa avançar em saúde e educação, que ainda existem muitas barreiras a serem quebradas para que possamos alcançar o pleno desenvolvimento, e os nossos representantes estão lá, recebendo um salário alto para que na maioria das vezes, defendam seus próprios interesses, e nos mostrando um trabalho que em salvas exceções, não nos beneficiam como deveriam. E quando se trata de aumentar os seus salários- sim, alguns parlamentares usufruem desse poder. A maioria está de acordo, e a votação não encontra nenhum obstáculo, como já aconteceu algumas vezes.

Tanta desigualdade, tantos abismos políticos para colocarmos um fim, tanta corrupção, e alguns nobres estão preocupados com seu discurso do dia. A burocracia impera quando o projeto é de iniciativa popular, mas quando se chegou lá, como foi o caso do projeto “ficha limpa”- algo que realmente nos interessa, virou em pizza. Parabéns Brasil! Tu és o país das leis e do pouco resultado. O país onde existem mais legisladores, do que pessoas que realmente fazem a diferença.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

A Seleção Brasileira e o Estrelismo


Há muito tempo o futebol brasileiro deixou de ser uma força da nossa pátria diante de confrontos no mundo do futebol, para se tornar uma fábrica da qual alguns segmentos da mídia, e até críticos de futebol elegem as suas “estrelas”. Constantemente, a cara de algum dos nossos jogadores estampam capas de revistas, outdoors, marca de inúmeros produtos, que envolvem contratos milionários, somente para venderem a sua imagem. Dentro do campo, e também fora deles, muitas vezes suas atitudes deixam a desejar. A sede do bom futebol é tanta, que constantemente muitas fórmulas são dadas na esperança de dias melhores ao nosso futebol. Diante dos últimos “vexames”, resolvi comentar o que estou observando.

Um dos grandes exemplos de como o estrelismo domina, e a constante busca de receitas para o bom futebol predomina aconteceu nas últimas Copas, onde muitas vezes os técnicos daquela ocasião tentaram acertar seu time impondo fórmulas questionáveis, transformando milhões de brasileiros em técnicos também. Sinto falta da garra da seleção de 2002, que chegou desacreditada no Mundial Coréia/Japão, e saiu de lá com mais uma estrelinha. Em 2006, o técnico tentou usar a mesma fórmula da vitoriosa seleção, esquecendo que já tinha passado quatro anos. Cafu em uma entrevista na chegada ao aeroporto naquela Copa nos deu uma idéia de como estava a nossa seleção. Ele bateu diversas vezes no peito afirmando que o Brasil era o melhor do mundo. Ronaldinho Gaúcho fazia graça diante das câmeras, dando suas famosas embaixadinhas, e as televisões do mundo todo, o tratando como o “deus do futebol”. Jogando de salto alto como estavam o resultado não poderia ter sido diferente.

Em 2010, novamente, a seleção brasileira dessa vez nas mãos do Dunga, tentou usar outra fórmula imposta, a de que o amor a camisa deveria prevalecer. Convocado os nomes, não sobraram críticas que deveriam estar lá as “estrelas” Ganso e Neymar. A seleção até que estava indo bem, mas tropeçou diante da Holanda, o que obrigou a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) atender aos pedidos de colocar os tão ansiados jogadores, esperando o futebol do jeitinho brasileiro, dando show. O resultado foi acompanhado nos desastrosos jogos da Copa América. E o que mais me envergonha, é saber que na lista de tantos e tantos brasileiros, que se consideravam técnicos, eram justamente os nomes de Pato, Ganso, Neymar e Robinho que mais apareciam.

O estrelismo tomou conta do nosso futebol. Não digo por todos, mas alguns jogadores parecem se importar mais se estão aparecendo no telão, se seu cabelo será o mais bonito, do que jogar o nosso futebol, aquele velho futebol que estávamos acostumados. E para quem se esqueceu do que estou falando, havia uma época da qual fiz parte, nos tempos áureos dos anos 90, que podíamos bater no peito e nos considerarmos brasileiros da “pátria das chuteiras”. Onde uma final de Copa do Mundo, era como se estivéssemos em uma grande batalha, a emoção predominava, e os gritos de “eu sou brasileiro com muito orgulho, e com muito amor”, fazia sentido, pois sentíamos a garra dos nossos jogadores uniformizados com a camisa amarelinha.

E hoje? Hoje já não vejo mais isso, não vejo sentido nos jogos. Falta vontade, falta amor, dando a impressão que o nosso futebol morreu. E o que fica são Patos, Neymars e companhia o tempo todo na mídia, parecendo que estão tentando impor aos brasileiros um craque que ele deve amar, escondendo que muitas vezes estamos órfãos de grandes jogadores como o nosso eternizado Pelé, Rivelino e tantos outros. Entram em campo como grandes ídolos, mais uma vez de salto alto. Os salários então nem se fala, são coisas exorbitantes, totalmente fora da realidade de um trabalhador brasileiro comum. Ronaldinho Gaúcho somente para “desfilar” no Flamengo ganha R$ 700 mil por mês, fora os milhões em contratos publicitários. O “voa canarinho” para mim já virou uma nostálgica lenda, pois um dia eu apertava a bandeira no meu peito, para que o verde e o amarelo acompanhassem as batidas do meu coração, o “Vai que é tua Taffarel” tinha a força de me fazer gritar junto. Chega de estrelismo, de individualismo. Chega de querer estabelecer regras, receitas, fórmulas e tantas outras coisas. Chega de tratar os jogadores como verdadeiros deuses. Eu quero sentir novamente a emoção que era ver a seleção jogar. Se quisermos realmente acertar, a fórmula nunca mudou, ela sempre foi à mesma: é raça, talento, e amor a camisa.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

A Educação


Acompanhando o JN no Ar, apresentado todas as noites no Jornal Nacional, estamos vendo pela poltrona de nossas casas a realidade de um país onde a educação encontra abismos tão grandes, que em apenas uma cidade a rede pública de ensino se depara com o melhor rendimento e infraestrutura, e outra escola, sem o menor rendimento, onde até as salas de aula parecem acompanhar o péssimo desempenho, de tão mal cuidadas. Há muitas escolas sem reforma, de anos sem investimento, os computadores chegam, mas são largados de lado, sem nenhuma utilidade. Laboratórios e bibliotecas sem utilização, tudo na maior improvisação. Mas alguns governos estão lá presentes, dando uniformes e materiais didáticos e fazendo o maior alarde e propaganda. Há quem eu culpo? Posso fazer até uma lista enorme, e sei que o desafio é imenso, mas não impossível. O principal é que está faltando vida nas escolas, e maior participação dos pais desses alunos. Já tive a oportunidade de visitar algumas escolas públicas, e observei que as aulas demoram muito tempo para começar, pois o professor além de passar a matéria, tem que treinar a sua capacidade de paciência e pedir o mínimo de silêncio. Onde alguns alunos matam aula para fumar e passear. E eu pergunto: Onde estão os pais, que não deram educação ? Onde está a consciência de que estudar abre portas para o futuro?

Universidades

No Brasil, no último governo, foram criadas 14 novas Universidades Federais. Uma preocupação enorme para que todos os estudantes entrem no ensino superior e tenham a oportunidade de ter a sua profissão. A ideia de colocar todos na universidade é até plausível se não fosse apenas um contraponto. Hoje há muitos meios que facilitam a entrada na faculdade, o Sistema de Cotas e até as notas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) , mas foi esquecido que a grande dificuldade do Brasil de hoje, é muitas vezes o ensino básico. Desse modo, não adianta dar a oportunidade se o aluno não estiver preparado,sem ter as soluções nas deficiências do ensino fundamental e médio. Toda a vida escolar e acadêmica deve ter qualidade, e deve ser acompanhada na mesma igualdade e preocupação.

Professores

Quem nunca ouviu a frase de que tudo passa pelo professor?Todas as grandes profissões existem os professores que passam o seu conhecimento em uma sala de aula. Mas o professor não é valorizado. Talvez ganhe alguma homenagem do dia 15 de outubro, e só. Os professores desse país, em sua grande maioria, funcionários de escolas públicas e municipais, passam grande parte do seu tempo brigando com governos e exigindo melhores salários. Professor hoje em dia, é sinônimo de alguém que ganha muito pouco. Muitas vezes, até dribla todos os problemas que tem que enfrentar cotidianamente e dá aula como se fizesse mágica, por amor a própria profissão. Se a peça fundamental que é o professor não tem seu valor, como queremos exigir ensino de qualidade?

Bullying

Uma das grandes discussões dentro das escolas é a prática do bullying. Bullying no dicionário é um termo que vem do inglês, e que tem o significado de alguém que é “valentão”, usado para descrever atos de violência física ou psicológica para intimidar, ofender ou agredir outro indivíduo. Eu a grosso modo, chamaria apenas de falta de educação. Por que no tempo da minha vó, não existia isso? Sabe por quê? Por que antigamente o ensino era mais rígido, tanto na escola, quanto nas próprias famílias. Os valores como a educação, e o respeito, eram levados a ferro e fogo. Hoje, isso já não existe. O respeito que deveria vir de casa, não vem. E a televisão ainda ajuda a disseminar que o importante mesmo é ser magro e fazer sucesso, ajudando a quebrar com qualquer valor que ainda possa existir, sobrando à discriminação para quem não está dentro dos padrões impostos. Por esse motivo, posso repetir: o respeito e a educação começam dentro de casa.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Bolsas do Prouni


Uma reportagem exibida no Fantástico no último domingo dia primeiro de maio, denunciou bolsistas do Prouni que obtém o benefício sem ter o direito, pois as bolsas são destinadas a jovens oriundos de famílias pobres que não tem condições de pagar um curso superior. No ano passado, circulou na internet um texto de autoria de Rodrigo Cavalcanti, mostrando exemplos do cotidiano de como os brasileiros são corruptos. O autor nos coloca que o “jeitinho brasileiro” , não existe. É uma forma de nós mascararmos a nossa falta de competência, e muitas vezes até a malandragem, que consideramos ser algo de menor grau, que não afeta ninguém, e que ladrão é quem está no poder e desvia dinheiro. Alguns dos exemplos citados pelo autor ,estão uma simples corrida de táxi, ou em qualquer outro ambiente, onde nos deparamos com um troco errado, um valor a mais, mas que não devolvemos. O caso das bolsas do Prouni, não foge a regra. Há muitas pessoas carentes no Brasil precisando dessa oportunidade, mas que acabam se deparando com “malandros” que possuem condições de arcar com a mensalidade, mas que dão um jeito de passar a perna no governo e ficar com o benefício. Eles não estão apenas enganando o governo com o crime de estelionato, estão enganando a sociedade e a eles mesmos, que como a maioria dos brasileiros, vivem indignados com escândalos de corrupção, com políticos desonestos, que lamentam não viverem em um país mais justo, mas que infelizmente contribuem para isso. Tanto no caso das bolsas universitárias, como nos gestos simples, existem atos de corrupção, de roubo, de falta de ética. Enquanto não houver consciência de nossos atos, não teremos voz e nem moral para reclamar dos outros. O Brasil acaba virando essa ambiguidade, de julgar os outros, mas não dar o exemplo e agir corretamente, e que passar a perna, e enganar, só é um simples e inocente “jeitinho brasileiro”.

Vitória com gosto amargo

Osama Bin Laden, o líder dos atentados terroristas do 11 de Setembro de 2001, finalmente foi morto. Depois de quase uma década, os norte-americanos saíram às ruas em comemoração. É um grande engano comemorar uma vitória com um gosto tão amargo. Quantas pessoas não morrem inocentemente nesses atentados, guerras e afins no mundo? Foi o final de Osama Bin Laden, mas não o fim da violência e das guerras sangrentas. Não foi a última morte, e nem nunca será! A morte do líder não apagou os princípios da Al Qaeda, e nem trouxe de volta a vida de todas as pessoas mortas nas torres gêmeas. Não vi nenhum motivo de comemoração, pois o nosso mundo ao invés de resolver seus conflitos pregando a paz e o diálogo, usa da pior arma que pode existir. A violência do pior tipo: a de devolver na mesma moeda. A de responder aos ataques, com mais ataques ainda. Espero que não haja retaliações, senão o mundo será palco de mais tragédias.

Meu computador não matou ninguém!

O caso do massacre em Realengo, nos trouxe uma nova discussão. O quanto à internet pode nos facilitar a vida, e até ensinar um pseudopsicopata a se transformar em um assassino de sangue frio, oferecendo aulas de como atirar. Mas se analisarmos bem, assim como a internet, o jogo de futebol é uma forma de entretenimento, mas muitas vezes é usado como uma forma de violência entre as torcidas. Tudo acaba dependendo de como as pessoas a usam, se for em benefício seu e dos outros, até por que o meu computador nunca saiu atirando em ninguém.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Sobre o PT

Em relação à coluna do jornalista Badger Vicari do dia 4 de março sob o título “O PT é um partido diferente dos outros”, gostaria de tecer alguns comentários sobre o PT no âmbito nacional. Já ouvi muitas afirmações de que o PT mudou e que já não é o mesmo, aquele de antigamente, que pregava a justiça, ética e moralidade. Esses dias ouvi do próprio ex- presidente Lula essa afirmação. Em um documentário argentino, ele dizia que o partido tinha mudado sim, por amadurecimento, por entender como funcionava a política nesse país, e concluiu que foi intervenção divina não ganhar as eleições presidenciais de 1989, pois do modo radical que subiriam ao Palácio do Planalto, o governo não duraria 6 meses.
O livro do jornalista Ricardo Kostcho, "Do golpe ao Planalto” , que já foi agraciado com o Prêmio Esso de Jornalismo, nos conta na obra toda a trajetória do PT, desde as Caravanas da Cidadania, nas eleições presidenciais de 89, até os primeiros anos de governo, ele nos dá uma visão do que acontece com a nossa política. Não importa se é PSDB, PMDB ou PV, mas para se ganhar uma eleição, um político e um partido tem que fazer tantas concessões e alianças, que acabam por ficarem amarrados a interesses de terceiros. Ricardo Kostcho, ainda nos conta que entrevistou Fernando Henrique Cardoso no último mandato em que governava o Brasil e lhe fez a seguinte pergunta: Por que não dá um soco nessa mesa e governa do seu jeito? FHC respondeu que do jeito dele, seu governo só duraria no máximo mais 4 dias.
O problema não são os partidos que mudaram e as ideologias que acabaram. O problema está em um sistema político condenado a não dar certo. Um sistema que massifica e nos leva a uma sociedade cada vez mais capitalista e selvagem, onde a competição e as necessidades individuais estão sempre em primeiro plano. Para se ter uma ideia, suponho que nem Madre Tereza de Calcutá mudaria a nossa forma de se governar, se ela fosse candidata, com certeza teria que se aliar a evangélicos, ateus, ou seja, pessoas com outros pensamentos e ideais, e também seria criticada por ter mudado seu pensamento e ficaria atrelada a outros interesses. Lula também foi criticado por dar um exemplo de alianças, quando afirmou que até Jesus Cristo se aliaria a Lúcifer se fosse candidato, o fato é que é uma grande realidade.
Sobre as ideologias, acho que o PT não é o Lula, a Dilma, ou este ou aquele político. Acho que o PT é um ideal, pode parecer até meio utópico, mas como diria o próprio Fernando Henrique Cardoso “É utopia, mas sem ela ninguém muda o mundo”.