sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Que país é esse?


No dia 6 de fevereiro de 2007, o recém eleito deputado federal Clodovil Hernandes subia no plenário pela primeira vez, e falou de uma lei do qual queria mandar ao Congresso. Uma lei que infelizmente não saiu do papel, pois o deputado veio a falecer anos mais tarde. Disposto a acabar com a tradição dos discursos inúteis, Clodovil afirmou que a Casa Legislativa representava o país, mais com tanta algazarra, parecia um mercado, pediu silêncio e disse que amava o país mais do que qualquer pessoa que se encontrava ali.
Quem já teve a oportunidade de assistir a uma sessão plenária como eu, deve ter sentido a mesma coisa. Na escola, desde o jardim de infância fomos educados a fazer silêncio para ouvir, mas parece que muitos dos nossos políticos não aprenderam a lição número 1. E não precisa ir para Brasília para assistir a isso, na Câmara Municipal de Curitiba, um projeto que beneficiava os homossexuais quase não foi aprovado, pois os vereadores não conseguiram ouvir o que se discutiam ali.
Será mesmo que os políticos sabem que estão mesmo representando o país? Será mesmo que eles têm consciência do quanto é importante as leis que passam pelas votações? Será mesmo que eles têm noção do que falam e do que se discutem ali? Basta ir até uma Casa Legislativa para dar apoio à lei de Clodovil. Na Assembléia Legislativa do Paraná, um deputado chegou ao cúmulo de dar lições que segundo ele, eram em benefício da população. Uma delas era não se esquecer de olhar o sapato antes de calçá-lo, lá poderia haver uma aranha marrom e isso poderia ser mortal.

Comunicação

O artigo 54 da Constituição Federal proíbe que políticos sejam donos de veículos de comunicação. A lei existe, o que não existe é o respeito a ela. Em alguns discursos, nobres políticos chegam a fazer propaganda de suas rádios e televisões. Dos 27 partidos políticos registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 20 estão representados por políticos como proprietários de veículos de radiodifusão. Os políticos do DEM saem na frente com 58 veículos e representam 24,1% do total da classe sócia de meios de comunicação. Os filiados ao PMDB aparecem em segundo lugar com 48 veículos em seu poder (17% do total), seguido dos políticos do PSDB com 43 canais de TV ou rádios. O mapeamento foi feito pelo Instituto de Estudos e Pesquisas em Comunicação e descobriu ainda que 147 prefeitos, 55 deputados, um governador, 48 deputados federais e 20 senadores têm vínculo direto com os meios de comunicação. Com esse patrimônio de comunicação fica difícil não acreditar na manipulação de informação em favor de interesses.

CQC

O programa CQC da Rede Bandeirantes já nos deu um exemplo de como os políticos estão preocupados com o que falam e o que assinam. Uma mulher a pedido do programa foi recolher assinaturas no Congresso Nacional para aprovação de uma lei. A maioria dos políticos assinou sem saber do que se tratava, sem saber que estavam dando apoio para que na cesta básica brasileira fosse inserida a cachaça.
E é exatamente esse o exemplo que é levado à sociedade. Um exemplo de desrespeito e injustiça. Um país que não respeita nem a própria constituição, mas que há cada eleição faz tudo, conserta tudo, promove tudo, avança na saúde e na educação. Mas afinal, que país é esse?

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

E Viva a Democracia!?


Milhões de brasileiros foram até as urnas no dia 3 de outubro, em meio a um processo eleitoral marcado por candidatos bizarros, propaganda, distribuição de santinhos e disputa no voto a voto. No dicionário brasileiro a palavra democracia quer dizer a participação direta de cidadãos para a tomada de decisões, mas o que vimos então foi à desistência de muitas pessoas ao anularem seus votos, não sabendo o quanto é importante a sua participação. Ouvimos falar muito em voto consciente, mas o que vimos também foi à reeleição de candidatos devedores a justiça, fazendo com que a tal famosa lei do “ficha limpa” virasse pizza e permitisse a entrada novamente de macacos velhos na política brasileira. Na Assembléia Legislativa do Paraná, ambiente marcado por escândalos e funcionários fantasmas, os mesmos continuarão lá, pois a parcela de renovação não foi significativa.
A palavra democracia nunca esteve tão na moda. Foi essa a justificativa mais usada para que as eleições presidenciais fossem para o segundo turno. E eu pergunto: Democracia é usar de mecanismos baixos para atrair votos? Democracia é puxar o tapete do adversário com calúnias e difamações? Democracia é a invenção de factóides? Democracia é ao invés de discutir projetos é apontar os erros e não trazer as soluções?

É só o aborto?

Polêmica também deve fazer parte da democracia. Assuntos que mexem com valores religiosos viraram cartada final para mudança nas intenções de votos. Mas é só o aborto mesmo que está fazendo com que o nosso país não seja de primeiro mundo? É só o aborto que está impedindo que não acabemos de vez com a miséria e não cuidemos do nosso meio-ambiente? É só o aborto que tem relevância social? Só se resume nisso os nossos problemas? É só isso que vamos colocar em pauta?

Um palhaço em meio a palhaçadas

Não condeno os milhões de votos que o palhaço Tiririca obteve nessas eleições. Também não vou condenar os motivos que o fizeram se candidatar. Li suas propostas de governo e acho válida sua preocupação com os pobres e os nordestinos. Só que os poderosos do alto de seus mandatos que nunca conseguiram chegar a semelhantes resultado nas urnas se incomodaram, dizem que é desrespeito a democracia. Eu vou lhes dizer o que é desrespeito. Desrespeito é aumentar os seus salários a hora que quiserem. Desrespeito é não cumprir com suas promessas. Desrespeito é esvaziar o Congresso Nacional com a justificativa de recesso, sendo que milhões e milhões de brasileiros estão trabalhando duro, muitas vezes em condições precárias, para pagar o salário deles e não receber um quinto do que eles ganham no final do mês. Desrespeito é mudar as vírgulas de uma lei popular para se manterem no poder. Desrespeito é um deputado ter um castelo não declarado, enquanto milhões não têm moradia digna. Desrespeito é dizer que está pouco se lixando para a opinião pública. A política brasileira há muito tempo virou um circo, e o que é pior, os palhaços somos nós que muitas vezes somos coniventes com o que acontece, e não fazemos nada.

Eleições

“Você sabe o que faz um governador? Então vote em mim que meu marido sabe!”. O caso Roriz nos faz entender o que é necessário para continuar no poder. Agora é simplesmente ter a esposa para colocar no lugar. Weslian Roriz concorre ao governo do Distrito Federal no lugar do marido Joaquim Roriz que foi cassado. Basta acessar aos vídeos no youtube e assistir aos debates onde ela participou e constatar que faltou o marido para dar assistência.