segunda-feira, 18 de julho de 2011

A Seleção Brasileira e o Estrelismo


Há muito tempo o futebol brasileiro deixou de ser uma força da nossa pátria diante de confrontos no mundo do futebol, para se tornar uma fábrica da qual alguns segmentos da mídia, e até críticos de futebol elegem as suas “estrelas”. Constantemente, a cara de algum dos nossos jogadores estampam capas de revistas, outdoors, marca de inúmeros produtos, que envolvem contratos milionários, somente para venderem a sua imagem. Dentro do campo, e também fora deles, muitas vezes suas atitudes deixam a desejar. A sede do bom futebol é tanta, que constantemente muitas fórmulas são dadas na esperança de dias melhores ao nosso futebol. Diante dos últimos “vexames”, resolvi comentar o que estou observando.

Um dos grandes exemplos de como o estrelismo domina, e a constante busca de receitas para o bom futebol predomina aconteceu nas últimas Copas, onde muitas vezes os técnicos daquela ocasião tentaram acertar seu time impondo fórmulas questionáveis, transformando milhões de brasileiros em técnicos também. Sinto falta da garra da seleção de 2002, que chegou desacreditada no Mundial Coréia/Japão, e saiu de lá com mais uma estrelinha. Em 2006, o técnico tentou usar a mesma fórmula da vitoriosa seleção, esquecendo que já tinha passado quatro anos. Cafu em uma entrevista na chegada ao aeroporto naquela Copa nos deu uma idéia de como estava a nossa seleção. Ele bateu diversas vezes no peito afirmando que o Brasil era o melhor do mundo. Ronaldinho Gaúcho fazia graça diante das câmeras, dando suas famosas embaixadinhas, e as televisões do mundo todo, o tratando como o “deus do futebol”. Jogando de salto alto como estavam o resultado não poderia ter sido diferente.

Em 2010, novamente, a seleção brasileira dessa vez nas mãos do Dunga, tentou usar outra fórmula imposta, a de que o amor a camisa deveria prevalecer. Convocado os nomes, não sobraram críticas que deveriam estar lá as “estrelas” Ganso e Neymar. A seleção até que estava indo bem, mas tropeçou diante da Holanda, o que obrigou a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) atender aos pedidos de colocar os tão ansiados jogadores, esperando o futebol do jeitinho brasileiro, dando show. O resultado foi acompanhado nos desastrosos jogos da Copa América. E o que mais me envergonha, é saber que na lista de tantos e tantos brasileiros, que se consideravam técnicos, eram justamente os nomes de Pato, Ganso, Neymar e Robinho que mais apareciam.

O estrelismo tomou conta do nosso futebol. Não digo por todos, mas alguns jogadores parecem se importar mais se estão aparecendo no telão, se seu cabelo será o mais bonito, do que jogar o nosso futebol, aquele velho futebol que estávamos acostumados. E para quem se esqueceu do que estou falando, havia uma época da qual fiz parte, nos tempos áureos dos anos 90, que podíamos bater no peito e nos considerarmos brasileiros da “pátria das chuteiras”. Onde uma final de Copa do Mundo, era como se estivéssemos em uma grande batalha, a emoção predominava, e os gritos de “eu sou brasileiro com muito orgulho, e com muito amor”, fazia sentido, pois sentíamos a garra dos nossos jogadores uniformizados com a camisa amarelinha.

E hoje? Hoje já não vejo mais isso, não vejo sentido nos jogos. Falta vontade, falta amor, dando a impressão que o nosso futebol morreu. E o que fica são Patos, Neymars e companhia o tempo todo na mídia, parecendo que estão tentando impor aos brasileiros um craque que ele deve amar, escondendo que muitas vezes estamos órfãos de grandes jogadores como o nosso eternizado Pelé, Rivelino e tantos outros. Entram em campo como grandes ídolos, mais uma vez de salto alto. Os salários então nem se fala, são coisas exorbitantes, totalmente fora da realidade de um trabalhador brasileiro comum. Ronaldinho Gaúcho somente para “desfilar” no Flamengo ganha R$ 700 mil por mês, fora os milhões em contratos publicitários. O “voa canarinho” para mim já virou uma nostálgica lenda, pois um dia eu apertava a bandeira no meu peito, para que o verde e o amarelo acompanhassem as batidas do meu coração, o “Vai que é tua Taffarel” tinha a força de me fazer gritar junto. Chega de estrelismo, de individualismo. Chega de querer estabelecer regras, receitas, fórmulas e tantas outras coisas. Chega de tratar os jogadores como verdadeiros deuses. Eu quero sentir novamente a emoção que era ver a seleção jogar. Se quisermos realmente acertar, a fórmula nunca mudou, ela sempre foi à mesma: é raça, talento, e amor a camisa.