domingo, 16 de agosto de 2009

A fé move montanhas?


O Ministério Público de São Paulo vai pedir a cooperação internacional para investigar os crimes de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, praticados pelo bispo Edir Macedo e outros líderes da Igreja Universal do Reino de Deus. Levantamento feito pelo Ministério Público e pela Polícia Cívil mostra que a igreja movimenta cerca de 1,4 bilhão por ano no Brasil, dinheiro pago através de dízimos de seus milhares de fiéis espalhados por 4,5 mil templos instalados em mais de mil cidades. Acredita-se que o volume em dinheiro movimentado entre 2001 e 2008, chega a quantia de R$ 8 bilhões.
Todos os dias em algum lugar do Brasil é aberta uma nova igreja, seguindo a mesma linha da Universal. Segundo o ISER (Instituto Superior dos Estudos da Religião), só no Rio de Janeiro surgem cinco novas igrejas por semana. Elas começam pequenas, com um amontoado de bancos, alguns fiéis e seu comandante que se denomina "pastor" que pega a biblía e começa a tomada de mais um grande empreendimento. São seguidas por pessoas simples, humildes, com renda familiar de até três salários mínimos e estima-se que tenham estudado até a sexta série. São presas fáceis e acreditam no principal discurso da igreja, que se doarem muito dinheiro, ganharão muito mais e ainda serão abençoadas por Deus.
Essas pessoas ainda não se deram conta que a fé não é um produto de venda. Ela não é comércio! Como elas podem achar que com tantas pessoas na miséria, elas serão abençoadas dando dinheiro a igreja? Que empreendimento é esse que pega as pessoas mais frágeis, para manipular?
Muitas vezes a ousadia é tanta que elas chegam a abusar da criatividade dos nomes. Eis alguns: Igreja Serpente de Moisés que Engoliu as Outras, Cuspe de Cristo, Bola de Neve, Jesus Vem e Você Fica, Cobrinha de Moisés, Papagaio Santo que Ora a Biblía, Fiel até Debaixo D'água, Pronto Socorro das Almas, Vencedores Salvos da Macumba, Linha Direta com o Paraíso, entre outras bizarrices. Com nomes assim, fica cada vez mais difícil não acreditar que seus seguidores, tenham sido vítimas de alguma espécie de "lavagem cerebral".
Segundo alguns depoimentos de quem seguia a igreja do bispo Edir Macedo, eram feitas campanhas loucas que exaltavam o capitalismo. Uma delas consistia em dar 10 e receber 1000 de volta. Há relatos de pessoas que deram tudo o que juntaram durante a vida inteira. Também havia o recolhimento de jóias como sinal de desprendimento. Será que o bispo fazia semelhante prática com suas milionárias mansões?
A desenfreada ganância continua fazendo vítimas. Nem o nome Daquele que pregou o bem e a paz a humanidade é respeitado. A fé move montanhas- Quem nunca ouviu esse discurso biblíco proferido em qualquer religião? No Brasil não move apenas montanhas. Move pessoas que na ânsia de ficarem ricas, dão tudo o que tem. Movem líderes religiosos a roubar e mentir. A fé move milhões em dinheiro. Move templos a não praticar a caridade e enganar os mais humildes, que precisam tanto de ajuda.

Obs: Queria observar que esta postagem tem o único interesse de atingir a Igreja Universal e seus segmentos, não outras religiões. Conheço espirítas, evangélicos e respeito todos!

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

A lenda dos caras-pintadas


Caras-pintadas foi um movimento estudantil brasileiro que aconteceu no decorrer do ano de 1992. Tinha como principal objetivo o impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello. O movimento baseou-se nas denúncias de corrupção que pesaram contra o presidente e suas medidas econômicas. Contou com milhares de jovens em todo o país. O nome caras-pintadas referiu-se à principal forma de expressão, símbolo do movimento: as cores verde e amarelo pintadas no rosto.
Desde que nasci em Abril de 1989, ouço muitos comentários e histórias sobre os caras-pintadas. Consigo até ver nos olhos, o orgulho de quem conta ter vivido nesta época. Época em que o país não deixou impune seu presidente corrupto.
Diversos jovens brasileiros pegaram o país nas mãos, queriam uma ideologia para viver. Mas hoje, diante de tanta impunidade, tantos escândalos. Pergunto: E os jovens? Onde estão os caras-pintadas? Cadê a indignação?
Segundo reportagem da Revista Veja de Fevereiro deste ano, os jovens dessa geração são filhos da evolução tecnológica, vivem no mundo digital, são pragmáticos, pouco idealistas e estão mais desorientados do que nunca. São vazios de idéias e ideais. Ainda nesta reportagem, os jovens que nasceram a partir de 1990 não almejam fazer nenhum tipo de revolução, como sonhavam os jovens dos anos 60 e 70. Mudar o mundo não é com eles. O que querem mesmo é ganhar um bom dinheiro em seu trabalho.
Os caras-pintadas deixaram uma lição. Um verdadeiro legado para essa geração. Mas será que os jovens atuais, querem permitir toda essa corrupção como está? Como é possível terem se acomodado tanto?
Segundo estudo feito por um coordenador da Escola de Economia de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas(FGV), o Brasil paga caro pelo aumento da corrupção. A perda provocada por fraudes públicas no país, atinge a casa de US$ 3,5 bilhões por ano. Dados da Ong Transparência Internacional mostram que o Índice da Corrupção no Brasil é semelhante ao de países como Belize, Sri Lanka, Peru e Kuwait.
Em apenas dois escândalos - o superfaturamento do Tribunal Regional do Trabalho(TRT) de São Paulo pelo juíz Nicolau dos Santos Neto, e o dos sanguessugas, a população perdeu cerca de US$ 150 milhões. No estudo ainda é constatado que muito desse dinheiro, poderia abrigar muitas famílias, ajudar na melhoria da infraestrutura da educação brasileira. Menos dinheiro,também significa menos trabalho e renda.
Já se passaram 17 anos do movimento. O Brasil ainda precisa de revolução. Escândalo é o que não falta! Não dá para cruzar os braços e ficar assistindo tudo. Em quase duas décadas, daria tempo para dar um basta em tanta impunidade. O movimento caras-pintadas parece se tratar de uma lenda. Uma lenda perdida na história brasileira. Onde um dia, a juventude se uniu em prol do país. Será que o verde e o amarelo já se apagaram? Será que ainda continuaremos contando isso as próximas gerações, acompanhados de apenas boas lembranças?

Obs: Não quero cometer nenhuma injustiça, portanto quero dizer que conheço jovens que estão fora desta estatística e almejam como eu, algum tipo de revolução. Essa postagem, conta com dados de revistas e estudos que li e analisei cuidadosamente.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

A polêmica do Bolsa Família


Essa semana muitos veículos de comunicação, acompanhando o anúncio de que o Bolsa Família seria reajustado, aproveitaram para dar ênfase a um estudo de Maurício Canêdo Pinheiro da Fundação Getúlio Vargas, que mostrou que 3% dos votos de 2006, foram graças ao Bolsa Família. Agora muitas pessoas podem comemorar,a afirmação que o programa é eleitoreiro conta com um embasamento científico. Só ainda não se deram conta que esses 3%, pelo que tudo indica, não chegam a arranhar os 60% restante.
Não concordo que o benefício é uma forma de assistencialismo, fazendo com que a maioria dos brasileiros se acomode nesta situação. Estamos falando de milhares de pessoas Brasil afora, que em pleno século XXI, não sabiam o que era ter energia elétrica em casa e que não tinham a mínima condição de subsistência. Não estou falando apenas do Nordeste. Estou me referindo também de cidades aqui mesmo no Paraná, como Ortigueira por exemplo, que conta com um pífio IDH. São pessoas que precisam de uma oportunidade. Muitos brasileiros no conforto de suas casas, não enxergam que existem pessoas vivendo em condições sub-humanas.
Segundo reportagem recente, a revista britânica The Economist afirmou que o Bolsa Família está ganhando adeptos no mundo inteiro.Iniciativas semelhantes estão sendo testadas em larga escala em outros países da América Latina. De acordo com informações, ainda nesta reportagem, o programa brasileiro contribuiu para a taxa de crescimento no Nordeste acima do nível nacional. Ajudou a reduzir a desigualdade de renda no Brasil e o aumento no poder de compra. A revista também chama de injusta a acusação de que o Bolsa Família é eleitoreiro.
Muitas pessoas são adeptas da ideia de que só serve para alavancar votos. Mas se o programa fosse eleitoreiro, qual o problema? Não vejo nada de errado em tentar defender a sua classe. Por que os sem-terra podem votar em candidatos que defendem a reforma agrária? Por que os banqueiros podem votar naqueles que defendem os seus interesses? Por que só os mais pobres, não tem direito de votar em quem defende eles?
Só no ano passado, mais de 60 mil famílias pediram o desligamento do programa. Agradeciam e reconheciam que o dinheiro que recebiam, ajudava no alimento e proporcionava melhores condições para que pudessem entrar no mercado de trabalho. Agora queriam dar a vaga a outros que mais precisavam.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social(MDS), desde 2003, 14 milhões de pessoas deixaram a pobreza extrema e agora estão em melhores condições de vida. A classe média está crescendo e se fortalecendo com maior poder de compra, sendo um impacto muito positivo contra a crise, pois o pobre agora também está consumindo. Para quem acha que o benefício é só dinheiro na mão, está enganado. Segundo Patrus Ananias, o Bolsa Família não é um programa isolado. Está integrado também em uma grande rede nacional de promoção social, pois conta com o Centro de Referência de Ação Social(Creas), com 4 mil instalações e profissionais como psicólogos e assistentes socias, que dão apoio ao acolhimento de pessoas, alfabetização, conhecimento de informática e tecnologia, restaurantes populares, captação da água da chuva no semi-árido e também políticas de qualificação e geração de emprego e renda. A ideia é que depois do benefício, as pessoas possam ter condições de caminhar com as próprias pernas.
Muitas pessoas ainda vivem no preconceito de que os nordestinos ou os acomodados é que precisam de ajuda. Na verdade, parecem tapar os olhos e não enxergar uma realidade que incomoda. Uma imensa desiguldade social,um dos principais problemas do país. Apoiar políticas socias não é sustentar pessoas que não querem trabalhar, mas sim contribuir para um mundo mais justo e mais humano.