quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

A Criminalidade


Após meses de investigação conjunta com a Polícia Federal, duas quadrilhas formadas por jovens da zona sul do Rio de Janeiro foram desmontadas. Dezenas de frequentadores de academias, surfistas e moradores de prédios da área mais valorizada da cidade foram presos. Os criminosos tinham dinheiro, frequentavam restaurantes e danceterias e vinham de famílias ricas.
De acordo com especialistas, a ação que ocorreu em fevereiro deste ano nos aponta um dado alarmante que está crescendo no Brasil. A classe média e alta também está no crime. A participação de garotos endinheirados em atividades como tráfico, roubos e sequestro é um fenômeno que não é só dos cariocas.
Os dados da criminalidade no Brasil, também desmistificam uma grande injustiça. Um preconceito que hoje não tem mais razão de ser. O fato de que a criminalidade sempre esteve ligada à pobreza.
Segundo a última pesquisa da Fundação Casa em São Paulo, 28% dos internados da Febem são oriundos da classe média. Pessoas que tinham dinheiro, carro, e o pior, a oportunidade que tanto falta aos moradores de baixa renda.
Criminalidade e pobreza não andam juntas. Há trabalhadores honestos nas comunidades pobres. A desonestidade não se restringe a guetos. Os tiros e os bandidos não se restringem as maiores favelas. Há bandidos em suas casas confortáveis e frequentando as melhores universidades do país.
Durante muito tempo, houve no Brasil apologia ao uso de drogas em músicas e principalmente na televisão. Era o mocinho sedutor que não largava o cigarro, e hoje já são até afastados das novelas por não aguentarem mais. Os formadores de opinião, aqueles que sempre estão atrás das telas, que deveriam dar o exemplo, chegam a promover passeatas contra as drogas e a favor da paz, mas ninguém vê um problema ainda pior. Quem financia os traficantes são as pessoas que possuem dinheiro, são elas que compram e continuam a financiar.
A criação de condomínios fechados protegidos por grades e câmeras, está longe de ser a solução para o problema de segurança. Isolar as favelas, e atribuir-lhes a responsabilidade pelo crescimento do império do crime, é ainda pior.
Vamos continuar julgando pobre como criminoso, e continuar alimentando esse apartheid social alimentado pelo preconceito?

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