terça-feira, 4 de agosto de 2009

A polêmica do Bolsa Família


Essa semana muitos veículos de comunicação, acompanhando o anúncio de que o Bolsa Família seria reajustado, aproveitaram para dar ênfase a um estudo de Maurício Canêdo Pinheiro da Fundação Getúlio Vargas, que mostrou que 3% dos votos de 2006, foram graças ao Bolsa Família. Agora muitas pessoas podem comemorar,a afirmação que o programa é eleitoreiro conta com um embasamento científico. Só ainda não se deram conta que esses 3%, pelo que tudo indica, não chegam a arranhar os 60% restante.
Não concordo que o benefício é uma forma de assistencialismo, fazendo com que a maioria dos brasileiros se acomode nesta situação. Estamos falando de milhares de pessoas Brasil afora, que em pleno século XXI, não sabiam o que era ter energia elétrica em casa e que não tinham a mínima condição de subsistência. Não estou falando apenas do Nordeste. Estou me referindo também de cidades aqui mesmo no Paraná, como Ortigueira por exemplo, que conta com um pífio IDH. São pessoas que precisam de uma oportunidade. Muitos brasileiros no conforto de suas casas, não enxergam que existem pessoas vivendo em condições sub-humanas.
Segundo reportagem recente, a revista britânica The Economist afirmou que o Bolsa Família está ganhando adeptos no mundo inteiro.Iniciativas semelhantes estão sendo testadas em larga escala em outros países da América Latina. De acordo com informações, ainda nesta reportagem, o programa brasileiro contribuiu para a taxa de crescimento no Nordeste acima do nível nacional. Ajudou a reduzir a desigualdade de renda no Brasil e o aumento no poder de compra. A revista também chama de injusta a acusação de que o Bolsa Família é eleitoreiro.
Muitas pessoas são adeptas da ideia de que só serve para alavancar votos. Mas se o programa fosse eleitoreiro, qual o problema? Não vejo nada de errado em tentar defender a sua classe. Por que os sem-terra podem votar em candidatos que defendem a reforma agrária? Por que os banqueiros podem votar naqueles que defendem os seus interesses? Por que só os mais pobres, não tem direito de votar em quem defende eles?
Só no ano passado, mais de 60 mil famílias pediram o desligamento do programa. Agradeciam e reconheciam que o dinheiro que recebiam, ajudava no alimento e proporcionava melhores condições para que pudessem entrar no mercado de trabalho. Agora queriam dar a vaga a outros que mais precisavam.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social(MDS), desde 2003, 14 milhões de pessoas deixaram a pobreza extrema e agora estão em melhores condições de vida. A classe média está crescendo e se fortalecendo com maior poder de compra, sendo um impacto muito positivo contra a crise, pois o pobre agora também está consumindo. Para quem acha que o benefício é só dinheiro na mão, está enganado. Segundo Patrus Ananias, o Bolsa Família não é um programa isolado. Está integrado também em uma grande rede nacional de promoção social, pois conta com o Centro de Referência de Ação Social(Creas), com 4 mil instalações e profissionais como psicólogos e assistentes socias, que dão apoio ao acolhimento de pessoas, alfabetização, conhecimento de informática e tecnologia, restaurantes populares, captação da água da chuva no semi-árido e também políticas de qualificação e geração de emprego e renda. A ideia é que depois do benefício, as pessoas possam ter condições de caminhar com as próprias pernas.
Muitas pessoas ainda vivem no preconceito de que os nordestinos ou os acomodados é que precisam de ajuda. Na verdade, parecem tapar os olhos e não enxergar uma realidade que incomoda. Uma imensa desiguldade social,um dos principais problemas do país. Apoiar políticas socias não é sustentar pessoas que não querem trabalhar, mas sim contribuir para um mundo mais justo e mais humano.

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