Educação: Outra surra

Educação: Outra surra


O Brasil levou uma surra. Outra para falar a verdade. Desta vez, foi mais do que um pequeno soco, foi um nocaute! Creio que cada brasileiro, que tem consciência do que estou falando, sente o seu olho roxo.
O Pisa (Programa de Avaliação Internacional de Estudantes), que avalia o conhecimento geral de vários países, classificou o Brasil em 48 posição entre 57 países. O Brasil piorou no quesito leitura e foi reprovado em matemática e ciência. Quatrocentos e cinqüenta mil alunos fizeram à prova, dos 57 países envolvidos.
Que vergonha! Eu mesma estou vermelha, principalmente quando vejo propaganda que oferece faculdade pela televisão.
Pela televisão? Sim, belos profissionais que vão se formar, sentados olhando para uma tela. Achando que entre quatro paredes, vão obter seu diploma e serem felizes para sempre. Ledo engano, o verdadeiro profissional não fica só no blá blá blá de professor, vai á luta. Eles precisam mais do que uma TV dando explicação. Precisam de prática. Então se formam. Uma nação inteira vibra, por mais um brasileiro ter seu diploma universitário! Mais uma vez, tapando o sol com a peneira... Não vou nem comentar!
O pior de tudo são aquelas faculdades, que se você perder os documentos na frente, já está matriculado, conheço pessoas que fazem faculdade nesses maravilhosos estabelecimentos, achando que estão pagando consórcio. Pasmem! Estão mesmo. O que importa é a mensalidade no fim do mês. O resto dá-se um jeito!
E você deve estar aí, sentado em sua aconchegante poltrona, tão decepcionado quanto eu!Colocando a culpa no governo e exigindo uma solução: Acreditem! Eu a tenho!
Vá até o espelho e veja quem pode mudar isso! Se por um lado, falta investimento infra-estrutura e etc., por outro falta incentivo e uma cultura baseada na servidão aos livros.
São milhares de crianças e adolescentes que ainda não descobriram o gosto dos livros. Há crianças que acordam cedo para assistirem seus desenhos favoritos, jogarem videogames inúteis, mas não se prezam em pegar um livro para ler
Têm biblioteca de graça, com clássicos literários, espalhados por cada canto, recheados de conhecimento a disposição de todos.
São jovens, que ao invés de prestar atenção nas aulas, pulam os muros, dão um jeito de matá-la e o pior de tudo é que acham isso bonito. Mal sabem eles o quanto estão se prejudicando.
Ano passado, tive a oportunidade de fazer um cursinho de graça, a sala estava cheia de estudantes de escola pública, que precisavam como eu, passar no vestibular. Mas estavam mais preocupados em bater um papo, admirar a lua e jogar truco.
Dar cultura a quem não quer?
Dar estudo a quem não tem o mínimo interesse?
Eu não quero ser muito radical, muito menos sonhar que todos nós estudantes, saibamos de cor, todo o tipo de conteúdo, mas quero de verdade, que todos tomem consciência, de que o nosso maior tesouro é a educação. Um bem que ninguém pode tirar.
Temos exemplos de pessoas, que não se acomodaram e ficaram apenas reclamando, e nem esperaram ajuda do governo ou coisa assim, para saberem que podiam mudar a situação.
Já tive a oportunidade de assistir na televisão, um garoto humilde, que morava em uma casa de chão batido no sertão nordestino. A poeira em volta, não fez com que ele desistisse do sonho de aprender inglês. Estudou sozinho, através de um radinho á pilha, cuja programação era no idioma.
Um estudante de escola pública de São Paulo, em reportagem no Fantástico, conseguiu tirar primeiro lugar na USP. Sabe como? Estudando em casa mesmo, não tinha dinheiro para cursinho.
Você ainda acha que é o governo, que vai até a sua casa, pegar seu filho e fazê-lo estudar? Pobre de você, meu amigo! Sente e espere!