quarta-feira, 22 de julho de 2009

Não agimos pela razão


Nos últimos dez anos, 42 torcedores morreram em conflitos dentro, no entorno ou nos acessos aos estádios de futebol. Os dados foram estudados por um sociólogo e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Maurício Murad, baseado em dados fornecidos por jornais, revistas e rádios das principais cidades do país entre os anos de 1999 e 2008.
Neste período a média ficou em 4,2 mortes em cada ano. No período entre 2004 e 2008 o número de mortes totalizava 28, uma média de 5,6 por ano. A proporção é ainda maior se contabilizarmos somente os últimos dois anos, com 14 mortes, média de sete por ano, constatando que está cada vez maior o número de óbitos entre as torcidas de futebol.
Esses números são alarmantes e servem para ilustrar que nós humanos, não agimos pela razão. As pessoas são fanáticas, escravizadas pelo amor que dedicam ao time, e muitas vezes usam o seu clube como uma religião a ser seguida. O fascínio é tanto que hoje é crescente o número de veículos de comunicação que tratam a maior parte de seu tempo, a falar de clubes, de contratações e tudo o que envolve esse universo. O estudo de Murad, também constata que as vítimas nos estádios são jovens entre 14 e 25 anos, e que não eram ligados a práticas de nenhum tipo de violência.
Que dedicação é essa que levam os torcedores a morte? Que não leva em consideração, que é apenas um confronto entre dois times? Será que nunca pararam para refletir, que não vão ganhar nada com isso? Que os jogadores do seu clube, na maioria das vezes nem sabe que você existe?
Quer outro exemplo que somos escravizados pelas nossas emoções? Michael Jackson morreu e mobilizou o mundo inteiro. Seu funeral foi o mais assistido da história, e suas composições bateram recordes de vendas. Foram mais de 750 milhões de discos nos diversos cantos do planeta. Ele era amado por japoneses, alemães e até por presos finlandeses. A receita de seu sucesso não era devida somente ao seu brilhantismo como músico e dançarino, iam muito além. Michael Jackson fez com que as pessoas não apenas ouvissem suas músicas, mas que as sentissem e que se entregassem a emoção. Não foi do nada que ele virou a estrela que era, desde muito novo, emocionava grandes platéias.
Outro exemplo de nossa servidão a emoção são as novelas. São tantos folhetins, tantas histórias envolvidas e uma única certeza,o grande sucesso que faz. Um estudo do Banco Interamericano do Desenvolvimento (BID) analisou o papel das novelas na sociedade brasileira e constatou que ela desempenha um papel crucial na circulação de ideias. Também foi a grande responsável pela queda na taxa de fertilidade e o aumento do divórcio entre os anos de 1970 e 1991.
Segundo o estudo, hoje sessenta a oitenta milhões de brasileiros assistem regularmente as novelas brasileiras. A Globo domina a produção nacional, as quais geralmente mostram um modelo de família muito específica, pequena, atraente, branca, saudável, urbana, de classe média ou alta e muito consumista, que está muito aquém de nossa verdadeira realidade.
É fato que esse e outros estudos concluem o mal que elas nos fazem, muitas vezes até nos alienando. Mas nunca nenhum programa conseguiu a audiência que elas conseguem. As histórias que sempre fazem o maior sucesso e na maioria das vezes, fazem o país parar em horário nobre, são as que tratam de romances. Isso prova que quase sempre agimos pela emoção. Não pela razão.

Um comentário:

Will disse...

Devemos usar as armas agora!!!
Contra o 'Tite estraga clube'
Viva o Michaelllllllll!!!